
Eu acredito que o sofrimento é inevitável estando em qualquer dos lados. Quando se deixa alguém, quando se é deixado ou quando se vê alguém deixar alguém. Nenhum dos casos descreve uma situação unicamente confortável. Há sempre certo incômodo, dor e uma pitada de sentimento de culpa. Não que eu considere que cometer qualquer um desses atos seja sempre um erro, mas carregamos sempre o peso de uma decisão tão séria. Para o famoso filósofo dinamarquês Kierkgaard, o ser humano é constantemente um Adão à beira de morder a maçã sem nenhuma voz soberana que o oriente sobre o certo ou errado. É o famigerado livre arbítrio: a ponte entre a total liberdade de escolhas e a angústia da responsabilidade acerca delas.
Sobre a experiência da separação e do que isso acarreta, vamos analisar. Já fui deixada, já deixei e já vi pessoas serem deixadas. Se me perguntarem em quais das ocasiões sofri mais, acredito não causar surpresa nenhuma ao dizer que sim, sofri mais quando me deixaram pra trás. No dia em que aconteceu eu vi o sol nascer por trás da janela. Chorei dias e noites a fio, amarguei a perda de 8 anos de relacionamento, emagreci, enfim, sofri até que meu coração resolveu se permitir a chegada de uma nova pessoa.
Mas o que fazer enquanto essa nova pessoa não aparece? Ó vida, ó céus... Chorar, deprimir-se, cortar os punhos? Ok, vamos com calma e por partes.
Sim, chorar infelizmente faz parte do processo. É natural e até saudável. Pertence ao período de luto. Por isso chore, assuma sua dor e sofrimento pra você e pro mundo, mas saiba e, embora seja muito difícil, acredite: isso vai passar.
Sabe aqueles conselhos que dizem pra você sair, inspirar novos ares, ver novas pessoas? Acate. Já se é provado neurologicamente que estar na presença de situações, lugares, pessoas que lembrem a outra pessoa nos faz reviver as sensações que tínhamos antes da separação e consequentemente vai ser mais difícil se libertar.
Deve chegar um momento em que ficarão apenas as lembranças do que foi vivido, sem nenhum tipo de sentimento envolvido e isso se chama indiferença, o contrário do amor, segundo Martha Medeiros. O alcance desse novo estágio, porém, não depende apenas de nós, em minha opinião. Eu, particularmente, atribuo 90% dessa conquista a uma nova conquista: a de um novo amor.
Novas pessoas foram responsáveis por me fazer botar esse meu antigo grande amor na geladeira, mas apenas um novo grande amor foi quem me fez aniquilá-lo. Então, como esquecer um grande amor? Com outro grande amor, claro!
Em quanto tempo isso acontecerá, eu não sei. Pra mim demorou longos 5 anos e não considero ter sido tão difícil hoje quando reflito sobre a seguinte metáfora:
Se você precisa lidar com um pouco de água por algum tempo é mais fácil esquecer que ele existe deixando-o congelar dentro do freezer e num belo e feliz dia moê-lo em vários pedaços do que manter o líquido num lindo recipiente e no momento mais inesperado vê-lo se derramar e te fazer se dar conta de que ele ainda está ali.
Por isso segue a sugestão: congele e quebre, não dê chances dele te incomodar.
PS. Se ainda assim for muito difícil se livrar desse “encosto” sugiro esse texto (rs), do ótimo Corporativismo Feminino. Recomendo!
Um comentário:
puxa.. encosto foi pesado. podiamos ser amigos né
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